sábado, 29 de maio de 2010

Dalva & Herivelto

“Limpo num pano de prato as mãos sujas do sangue das canções”. Quando Caetano Veloso escreveu este verso para “Drama”, desvirtuando o pano doméstico, símbolo do lar, sintetiza a relação conflituosa (vida íntima x escândalo público) do casal que causou burburinho nos áureos anos do rádio. Dalva de Oliveira & Herivelto Martins.

A Som Livre lançou recentemente o DVD da minissérie “Dalva e Herivelto – Uma canção de amor”, de Maria Adelaide Amaral, e eterniza a bem sucedida iniciativa de narrar a vida em comum desses ícones da música brasileira. Herivelto, o Don Juan da década de 50, conquistou facilmente, com 20 por cento de suas músicas e 80 por cento de sua lábia, a jovem Dalva. Formou-se dupla na cama e trio nos palcos: Trio de Ouro, com a tríade Dalva, Herivelto e Nilo Chagas. Depois vieram as traições, bebedeiras e escândalos, na era mais rock&roll da música popular. Esse fato pode ser comprovado no livro “Minhas duas estrelas” escrito pelo filho do casal, Pery Ribeiro. Lá estão todas as intrigas e fatos de bastidores (drogas, sexo e samba canção) que eram simplesmente abafados assim que caiam as cortinas do Cassino da Urca. Os problemas pessoais do casal emergiram e os jornais não perderam a oportunidade de levar tudo a público, inclusive mentiras, no típico clichê de que TUDO VALE PARA VENDER JORNAIS. Filhos levados ao internato por mandato de juiz, vaias, aplausos, outros casamentos, ostracismo e bandeira branca. Dalva e Herivelto viveram num turbilhão, mergulharam num mar denso e deixaram uma história incrível e intensa para a posteridade.